
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não
(Manuel Alegre, Trova do vento que passa)
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Madrugada de quinta-feira, 25 de Abril. Portugal dorme.
Num posto de comando clandestino, formado no Regimento nº 1 na Pontinha, em Lisboa, há um aparelho de rádio sintonizado na estação da Rádio Renascença.
Á sua volta alguns oficiais das Forças Armadas esperam ansiosos ouvir a senha que confirmará o curso irremediável da revolução planeada.
Ela virá sob a forma de uma canção: ?Grândola, Vila Morena, Terra da fraternidade, O povo é quem mais ordena, Dentro de ti, ó cidade?, do cantor José Afonso.
Passa meia hora da meia-noite quando a rádio a põe no ar.
Por todo o país iniciam-se movimentações militares. Soldados saem às ruas em tanques, jipes e camiões. É necessária a tomada de posição em pontos estratégicos: Quartéis-generais, pontes, aeroportos, postos de comunicações. Em Lisboa, as colunas militares deslocam-se pelas zonas circundantes à Baixa Pombalina e ao Terreiro do Paço, ocupando o centro da cidade e impedindo a passagem. Furriéis e cabos milicianos mantêm-se de metralhadora em punho e munições no chão. Na mira dos soldados os edifícios do poder político e policial. O aparato militar nas ruas é grande, mas os soldados aparentam absoluta tranquilidade. Os seus rostos serenos contrastam com a estupefacção de quem de manhã se faz ao emprego para mais um dia de trabalho. Percebendo que se trata de um golpe de Estado muitos populares deixam-se ficar nas ruas perto dos soldados e dos seus carros de combate.
Foi este 25 de Abril da LIberdade que o Presidente da ASAP, Ricardo Jordão, recordou esta quarta-feira de Abril, no Auditório da Universidade do Algarve, Polo de Portimão.
Perante numerosa e interessada assistência fez um resumo histórico da resistência pela elite política e literária desde o iníco do Séc. XX.
